AH! SE EU SOUBESSE SOBRE O PLANO ESPIRITUAL...
Quando chegam ao PLANO ESPIRITUAL, a maioria dos
espíritos talvez pensem algo muito parecido com: "AH! SE EU SOUBESSE..."
Se eu soubesse que a vida real não era na
matéria… se eu soubesse que a realidade não é de sofrimento, mas de paz e
liberdade… se eu soubesse que nada que existia na matéria é permanente, que lá
é tudo passageiro, e que se eu soubesse desses detalhes com muita certeza eu não teria brigado no trânsito, batido nos meus filhos, me
apegado a tantas coisas efêmeras…
Ah se eu soubesse…. teria ajudado muito mais gente, teria me enriquecido com
amor e luz, teria deixado de lado esses problemas pequenininhos, teria feito
caridade aos necessitados, teria deixado o amor fluir, teria me atirado no bem
sem nenhuma preocupação, teria sido mais humilde, teria vivido em paz…
Ah se eu soubesse… teria passado mais tempo com aqueles que amo, teria me
preocupado menos, teria tido mais paciência, teria me soltado mais, me
desprendido mais, teria vivido mais livre, de forma mais espontânea, mais
natural, teria visto o lado bom de tudo, teria valorizado as coisas simples da
vida.
Ah se eu soubesse… se soubesse que a vida na Terra vai e vem, que tudo se
esvai, que nada é permanente, que não existe algo fixo, imutável. Se eu soubesse
que tudo começa e termina, que os relacionamentos começam e terminam, que a dor
lateja e depois vem o alívio.
Ah se eu soubesse… se soubesse que os arrogantes sobem, ficam no topo e caem
por si mesmos; caem pelo seu próprio castelo de cartas da ilusão que criaram.
Se eu soubesse que os ricos podem se tornar pobres de espírito, e que os pobres
podem ser muito ricos de espírito. Se soubesse que as diferenças sociais se
extinguem, que na morte todos somos filhos do universo, que a fome é saciada,
que a sede é aliviada, que a violência só traz mais violência, que os
injustiçados são compensados, que os perdidos sempre se encontram, e quem está
demasiadamente seguro de si acaba se perdendo.
Ah se eu soubesse… que a vida espiritual é a vida real, que as mágoas corroem o
espirito, que a cobiça gera insatisfação, que a lisonja só cria humilhação, que
a preguiça gera estagnação. Se eu soubesse que o medo é sempre maior do que a
mente engendrou eu teria me arriscado mais, teria ousado, teria tido a coragem
de ser o que eu sou, teria retirado essa máscara que encobria minha verdade,
teria desatado o compromisso com o logro, com a burla, teria assumido minha
integridade sem divisões, sem fragmentos.
Ah se eu soubesse… não teria cortejado o sucesso, não teria me atirado ao poço
fundo, vazio e solitário da avidez, não teria me enganado de que, ao atingir o
topo, a descida é o único caminho. Se eu soubesse que o mundo é uma doce
miragem eu rejeitaria a pueril busca pela sensualidade. Largaria com afinco os
prazeres e vícios da juventude. Se soubesse que tudo muda e nada se encerra,
teria posto de lado as moléstias da nostalgia.
Ah se eu soubesse, teria menos pressa, olharia mais para a vida, veria mais o
nascer do dia, comeria com calma o pão de cada manhã, teria plantado uma
árvore, corrido no jardim, deitado no chão e rolado na grama. Teria mergulhado
e me perdido no tempo, solto em reflexões sobre os mistérios da vida. Teria me
desimpedido de autocobranças, teria me aceitado como sou e aceitado o milagre
da vida como ele é.
Ah se eu soubesse… que o mar espiritual é infinito de bençãos, não teria
digladiado por um copo de água ao lado do grandioso oceano da plenitude. Teria
deixado todas as quimeras de lado, e vivido mais a vida, a existência, o
cosmos, a liberdade, o eterno presente e a eterna aurora.
Ah se eu soubesse… teria renunciado aos hábitos arraigados, as discussões
estéreis, a especulação teórica. Se eu soubesse, teria permanecido mais na
natureza, observando os pássaros, molhando as mãos no rio, sentindo o vento, me
aquecendo ao sol da manhã, sujado as mãos na lama e sentido o frescor da chuva.
Se eu soubesse que sou um ser em desenvolvimento na essência inesgotável e
eterna da vida, teria sido infinitamente mais livre e feliz.
Autor: Hugo Lapa (com adaptações)
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