TRASH – IMPERDÍVEL.
Em todos os pontos de vista, independentemente do
personagem que mais marcou os fãs, o baiano Wagner Moura e o mineiro Selton
Mello são dois dos atores mais celebrados do cinema brasileiro contemporâneo.
Juntos, eles acumulam quase 70 prêmios, mas nunca haviam contracenado juntos
até receberem um convite do inglês Stephen Daldry para integrar o elenco de
“Trash — A esperança vem do lixo”. O filme é uma megaprodução internacional,
toda rodada no Rio, que estreia nesta quinta no Brasil e que marca o primeiro
encontro entre Wagner e Selton, logo como antagonistas e com direito a uma cena
de tortura.
Em “Trash”, Wagner vive José Angelo, um homem
idealista que tenta denunciar um esquema de corrupção, enquanto Selton
interpreta o policial mau-caráter Frederico. Os dois são coadjuvantes de um
thriller centrado em três meninos (vividos pelos novatos Rickson Tevez, Eduardo
Luis e Gabriel Weinstein) que encontram uma carteira num lixão e passam a
percorrer a cidade para solucionar o mistério associado à descoberta.
Também com as participações de Martin Sheen e
Rooney Mara, “Trash” é o quinto longa-metragem de Daldry, cineasta que
conseguiu levar para a disputa do Oscar todos os seus filmes anteriores: “Billy
Elliot” (2000), “As horas” (2002), “O leitor” (2008) e “Tão forte e tão perto”
(2011).
Os dois atores revelam que seu primeiro encontro
com Daldry foi bem mais simples do que esperavam para um diretor requisitado.
Não houve testes, longas conversas ou seleção de elenco. Daldry apenas almoçou
com cada um deles e fechou a parceria.
O que certamente mais vai chamar a atenção dos
espectadores no trabalho de Wagner e Selton é uma cena de tortura policial, em
que o primeiro apanha do segundo. A sequência foi gravada no início do ano,
quase dois meses após o término das filmagens.
Para o público brasileiro que assistir a “Trash”,
Wagner e Selton servirão como elos entre a visão de um inglês sobre a realidade
do país. Com roteiro de Richard Curtis (de “Quatro casamentos e um funeral” e
“Um lugar chamado Notting Hill”), o filme é focado nos desejos e na esperança
de três meninos pobres, mas passa por temas como miséria, corrupção e
truculência policial. É o tipo de produção que certamente vai gerar uma
pergunta: o que diabos estrangeiros sabem para tratar dos problemas
brasileiros?
Selton e Wagner são, certamente, bons exemplos
de atores que dialogam bem entre o cinema comercial e o cinema de arte. No
currículo do primeiro estão obras como “O auto da compadecida” (2000), “Lavoura
Arcaica” (2001) e “Meu nome não é Johnny” (2008). No do segundo aparecem
“Cidade Baixa” (2005), “Tropa de elite” (2007) e “Elysium” (2013).
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